Aconteceu comigo...

Depois de 33 anos aconteceu comigo...

Triste dizer, mas me sentia sortuda, vivendo em mundo como o de hoje sem nunca ter visto uma arma apontada pra mim.

E hoje aconteceu... e na pior das circunstâncias. Estava com Luc, meu filho de 1 ano e meio e minha mãe, meus bens mais preciosos.

Não sabia de fato o que era temer pela vida de um filho, descobri hoje, e afirmo sem titubear, é o PIOR sentimento do mundo.

Estávamos saindo da casa da minha avó que fica em uma rua pacatérrima de um bairro residencial, em plena luz do dia, 14 horas. Eu já no meu carro, com Lucas no meu colo, minha mãe conversando comigo  na janela e a babá do Lucas entrando no carro da minha mãe, estacionado do outro lado da rua.

De repente e surgido do nada aparece um FILHO DA PUTA com uma arma apontando pra gente. Por um momento senti um medo enorme, ou de ficar sem o Lucas, ou de ele ficar sem mim. No momento seguinte uma calma meio desesperada (se é que alguém me entende) e uma certeza de que tudo ia ficar bem (acho que o nome disso é Deus). E claro, ao mesmo tempo, uma vontade louca de tudo acabar e aquele cara ir embora.

Ele entrou dentro do meu carro, mandou minha mãe e a babá entrarem, pediu tudo que tínhamos. Por sorte, ou não, tinha uma quantia considerável de dinheiro comigo, foi a primeira coisa que entreguei a ele, achando que aquilo podia nos livrar daquele terror. Mas ele queria mais, pediu alianças, bolsas e queria sair com a gente. Nesse momento, Deus (de novo) usou minha mãe. Ela ofereceu a ele a chave do carro dela, falou que podia levar, mas que nos deixasse ali. Ele aceitou! Ufa!

Pegou a chave, foi até o carro dela, já estava quase me sentindo aliviada quando ele volta, manda todo mundo ficar quieto e pergunta se o carro não tinha anti furto. Minha mãe falou que não. E ele foi de novo... Mais uma vez ele voltou, pediu meu celular. Foi de novo, e pela última vez voltou, levando a chave do meu carro. Foram minutos intermináveis. Só conseguia olhar pro meu filho e ver aquele rostinho calmo e tranquilo, como se tudo ali fosse normal...

Entramos de volta pra casa da minha avó, nervosa, claro, mas sem sentir nada... só alívio. Foi quando minha avó, depois de ver nosso desespero e de contarmos o que havia acontecido, disse que só conseguia agradecer. E aí eu descobri que era exatamente isso que estava sentindo. Gratidão, só isso!

Eu sempre fui da teoria que ladrão, criminoso tinha que morrer, defendo a pena de morte mesmo. Mas hoje, quando aconteceu comigo, não estava nem aí para quem me fez passar por tudo isso. Só queria saber que estávamos ali, juntos, são e salvos.

É incrível e indignante pensar assim, que temos que estar gratos por conseguirmos estar vivos apenas. Acho que NINGUÉM tem o direito de nos tirar coisas que conseguimos com o suor do nosso trabalho, pior, acho que NINGUÉM tem o direito de nos ameaçar, de nos fazer passar por um pânico de perder ou apenas machucar quem a gente ama. Infelizmente, chegamos a esse nível.

E mesmo depois de contabilizado todo o prejuízo material (que não foi pequeno) eu ainda consigo me sentir bem.

Nunca achei que era assim que eu ia me sentir quando acontecesse comigo...

É Deus, mais uma vez, me mostrando que cuida de mim!